Biotecnologia no campo: Como funciona?

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As novas biotecnologias no campo são transformações genéticas que ajudam a melhorar o desempenho agrícola, reduzir práticas que causam danos ao meio ambiente ou à saúde dos trabalhadores rurais, e trazer maiores benefícios aos consumidores finais.

Desse modo, desenvolver a produção agrícola, produzir com mais qualidade e minimizar as perdas é o objetivo do produtor rural que investe nessa tecnologia.

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O que são biotecnologias?

Primeiramente, vamos entender esse conceito de biotecnologia no campo. Biotecnologias são técnicas e procedimentos científicos do ramo da biologia usados em diversos setores, mas nesse artigo, vamos focar no setor agrícola.

Esse conjunto de técnicas manipula a genética de organismos vivos para que possam ser usados como agentes transformadores do campo, ou seja, podem ser usados para melhorar espécies, tornando-as mais resistentes a pragas. Dessa forma, na agricultura, encontramos as plantas geneticamente modificadas que são conhecidas como plantas transgênicas.

Desde que, a biotecnologia passou a ser usada na agricultura, muitas transformações puderam ser reparadas pelo ponto de vista técnico.

Dessa forma, houve muitas mudanças que permitiram inovações e alterações na forma do manejo da produção. O uso da biotecnologia é encontrado em modelos agrícolas intensivos, com foco em alta produtividade.

História da Biotecnologia Agrícola

A biotecnologia no campo teve origem na década de 1970, durante a chamada Revolução Verde. Essa revolução constituiu na aplicação de técnicas modernas no campo para aumentar a produtividade e, portanto, combater a fome no mundo.

Mas foi a partir dos anos 90 que a biotecnologia aplicada no campo passou a ser considerada importante. Desde então, um novo processo que revolucionária a produção rural passou a existir, marcando o momento como um novo processo na evolução produtiva da agricultura.

Transgênicos

Os transgênicos são os principais resultados da biotecnologia do campo, desse modo, as culturas transgênicas são os principais itens disponíveis no setor agrícola atualmente.

Dessa forma, temos como exemplos de grandes culturas transgênicas o milho, a soja e o algodão. Essas culturas são organismos vivos, mas que tem o DNA alterado ao inserir um ou mais genes diferentes, em busca de melhorias.

– Como funcionam os transgênicos?

Ao manipular geneticamente um vegetal, é possível alterar as suas características e excluir as que são indesejáveis. Desse modo, conseguimos colocar os genes de outros organismos no DNA das plantas.

Dessa forma, ao combinar estruturas genéticas diferentes, cria-se espécies ou melhora-se espécies existentes. Elas serão mais produtivas e mais resistentes às variações climáticas e às pragas, além de poder ter variações de sabor, textura, coloração, entre outras possibilidades.

– Exemplos de produtos transgênicos

Nessa lista podemos citar os seguintes produtos:

  • Melancias sem sementes;
  • Batatas maiores;
  • Soja mais resistente ao clima, com mais proteína e tolerante a herbicidas;
  • Milho resistente às pragas;
  • Feijão resistente ao vírus do mosaico dourado;
  • Uvas que se reproduzem em ambientes menos frios;
  • Café com resistência à broca (Hypothenemus hampei), a mais nociva praga do café;
  • Algodão resistente ao bicudo (Anthonomus grandis), um dos piores problemas dessa cultura (o controle dessa praga pode chegar a 25% do custo total da produção);
  • Cana de açúcar tolerante a secas e resistente à broca gigante (Telchin licus licus), a pior praga na região Nordeste do Brasil, que causa perdas de mais de R$ 30 milhões anuais;
  • Alface com 15 vezes mais ácido fólico (ou vitamina B9) do que as convencionais.

Esses são apenas alguns produtos biotecnológicos da agricultura.

Técnicas de manipulação de DNA

1) Cisgêneses (ou cisgenia):

Técnica que usa sequências de DNA obtidas da mesma espécie que está sendo modificada, ou então de espécies biologicamente próximas.  

É a transferência de material genético apenas entre espécies sexualmente compatíveis. A cisgenia é próxima ao melhoramento genético convencional, mas com maior perfeição, pois nesta técnica ocorre apenas a transferência do gene de interesse, sem qualquer possibilidade de transferência de genes indesejáveis, como pode ocorrer no melhoramento convencional.

Como exemplo temos:

  • Trigo – Melhoramento na qualidade das massas e resistente aos fungos patogênicos;
  • Cevada – Aumento na atividade da fitase do grão;
  • Maçã e Melão – Resistente a doenças, entre outros.

2) Gene drives:

É uma aplicação da biotecnologia no campo, que muda a estrutura genética de forma que em poucas gerações, toda uma cultura pode adquirir ou eliminar determinadas características.

Nessa técnica utiliza-se enzimas que “recortam e colam” para editar as características genéticas, sem necessariamente incluir um gene novo, manipulando apenas os genes já existentes.

Essa nova manipulação genética pode garantir ainda mais um controle da cadeia produtiva. Como também a tolerância aos agrotóxicos, à época ou período de frutificação ou germinação e adaptação da espécie para maquinário agroindustrial.

Como exemplo atualmente temos a levedura para produção de etanol, microrganismos e uma variedade de milho.

3) Biologia sintética e novas biotecnologias:

São técnicas que se combinam entre engenharia e genética, e alteram seções específicas para gerar características específicas, que são desejadas aos novos organismos.

É um processo um tanto articuloso, inicia-se o procedimento:

  1. Identificando o gene resistente ao herbicida que está presente em uma bactéria;
  2. Isolando o gene;
  3. Transferindo a um hospedeiro e padronizando-o com seu código genético;
  4. O resultado é um organismo transgênico;
  5. A partir do momento em que esse organismo transgênico se reproduz com o código genético sintetizado, produzindo os metabólitos da proteína referente ao gene inserido, ele se torna um organismo sintético.

Dessa forma, essa técnica tem a capacidade de criar organismos e micro-organismos vivos que produzem uma função que naturalmente não realizam. Por tanto, o maior objetivo da biologia sintética na agricultura é produzir vegetais resistentes às pragas e enriquecê-los com nutrientes, podendo também acelerar a técnica de desenvolvimento de novas gerações de plantas.

Por exemplo, de biologia sintética e novas biotecnologias temos o etanol, que pode ser produzido a partir de cana-de-açúcar, milho, trigo, e outros cultivos, biológica e geneticamente modificados.

Biotecnologia e Agrotóxicos

Ao mesmo tempo que as biotecnologias mais avançadas permitem uma maior produtividade, o modelo agrícola usado no Brasil, incentiva o uso crescente de agrotóxicos, incluindo agrotóxicos banidos em diversos países.

De fato, o paradoxo é o uso de um grande volume de agrotóxicos em lavouras transgênicas no Brasil. O surgimento das lavouras transgênicas, há 15 anos atrás, tinha o propósito de diminuir o uso de agrotóxicos.

O argumento principal para a modernização da agricultura, com base no uso de biotecnologia foi para acabar com a fome. Dessa forma, se tornou legal o aumento da produtividade com o uso de sementes melhoradas, cultivadas com o uso de fertilizantes sintéticos, irrigação, agrotóxicos, novas máquinas e equipamentos.

O que aconteceu no Brasil, é que ao invés de uma tecnologia dar lugar a outra ultrapassada, elas se acumularam.

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Problemas que o modelo de produção atual traz

Certamente, o esgotamento de recursos naturais, somado aos efeitos das mudanças climáticas, colocam em dúvida a capacidade do planeta continuar sustentando esse sistema de produção de alimentos. O uso combinado de sementes transgênicas e agrotóxicos traz efeitos adversos à saúde humana e ao solo. De fato, deveria haver controles mais rigorosos e maior regularização.

Mas os governos incentivam o uso de agrotóxicos por meio de leis mais brandas para o setor. Dessa forma, os estudos de biotecnologia e toda a sua importância, atuam diretamente na produção e no mercado. Mas todo esse conhecimento não reflete na agroecologia.

Os agrotóxicos antigos continuam sendo usados. Isso ocorre porque as sementes transgênicas têm o seu uso combinado com os agrotóxicos, principalmente em monoculturas. De fato, o uso combinado de transgênicos e agrotóxicos torna-se um ciclo interno que se fecha cada vez mais. Sendo assim, quando os agrotóxicos apresentam problemas, a solução é usar mais agrotóxicos. Dessa forma, quando há falhas com sementes transgênicas, a solução são mais sementes transgênicas.

O público geral que consome alimentos agrícolas não sabe a quantidade de agrotóxico que tem neles, muito menos quais são e o que causam para a saúde. Desse modo, se naturalizou esse modelo de produção e seus impactos são aceitos porque foi construída uma ideia de que não há alternativas viáveis ao atual modelo.

Em resumo, entendemos que a biotecnologia é importante, mas é preciso entender o sistema e a capacidade de produção que o planeta opera.

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