Por que o Second Life falhou como um metaverso?

• Jamerson Rodrigues
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É injusto dizer que o Second Life falhou como um metaverso, se na época pouco sabíamos sobre isso. Entretanto, se levarmos em consideração que metaverso significa ir além das experiências simples, isso significa que o Second Life falhou.

O conceito de metaverso foi introduzido pela primeira vez no romance de ficção científica de Neal Stephenson de 1992, Snow Crash, onde foi descrito como “uma representação gráfica do ciberespaço”. 

A palavra metaverso é uma combinação de “meta” que significa além, e “verso” que se refere ao universo; assim, metaverso significa ir além das experiências que temos na realidade ou nos ambientes digitais.

Quais são algumas características de um metaverso de sucesso?

De fato, antes de falarmos sobre a plataforma social Second Life, podemos definir o que seria uma plataforma do metaverso de sucesso. Obviamente que é apenas um meio de comparação e não requisitos obrigatórios.

Um metaverso de sucesso deve ter uma grande e ativa base de usuários. Um grande universo digital certamente precisa ter muitos usuários ativos, mas existem casos de universos fragmentados ou criados para um número menor de pessoas.

Então, o interessante é que as plataformas do metaverso consigam manter um número relevante de usuários ativos para ter interação entre os usuários e permitir uma maior conexão social. 

Uma plataforma do metaverso precisa ter uma interface simples e também ser fácil na familiarização. Em suma, como os usuários poderão desfrutar da plataforma, caso percam horas e horas tentando aprender a fazer o básico ou a sair da tela inicial.

Terceiro, precisa ter uma variedade de atividades e eventos, pois tarefas repetitivas tornam a experiência entediante. Então, se a plataforma se dedica ao lado social, precisa criar conexões sociais de diversas maneiras. Dessa forma, caso o foco seja comércio e indústria, precisa criar um ambiente adequado para não tornar a experiência frustrante.

Também podemos dizer que a escalabilidade é um fator importante para o sucesso de qualquer plataforma do metaverso. É importante conseguir acompanhar o crescimento no número de usuários e aumento de interações.

Por fim, também precisa ter segurança e privacidade. Um sistema de segurança bem projetado deve proteger as informações dos usuários contra acesso não autorizado ou abuso de qualquer fator malicioso. 

Por que o Second Life falhou como um metaverso?

Quando lançado, o Second Life consistia na visão de ser uma segunda vida para os usuários, um lugar onde poderiam interagir com outras pessoas, explorar novos ambientes e também fazer negócios e ganhar dinheiro real. Entretanto, mesmo com essa proposta, a plataforma não conseguiu se manter no topo, mesmo que não tenha falhado e até hoje lucra milhões de dólares.

Primeiro motivo: usuários ativos e engajados da Second Life

Como citamos anteriormente, plataformas do metaverso precisam ter uma base de usuários ativa, o que o Second Life não conseguiu manter de modo consistente. Em matéria na Wired, o Second Life impressionou diversas companhias com o potencial publicitário, mas faltava uma coisa: usuários ativos. 

Michael Donnelly, que na época era chefe de marketing da Coca-Cola, disse que “não havia ninguém por perto” quando visitou lojas dentro do Second Life. 

Segundo motivo: poder financeiro da época

Na época do Second Life, os computadores eram dispositivos pouco acessíveis e também era mais caro manter bons servidores para os usuários, isso tornava a experiência restrita para um número menor de usuários.

O Second Life também não podia crescer muito além das expectativas, pois os servidores não iriam aguentar o número de usuários, limitando a proposta do jogo de interação com outros usuários.

Terceiro motivo: era difícil aprender a jogar o Second Life

Sim, um motivo para o fracasso do Second Life era ter uma curva de aprendizado difícil. No Second Life, para realmente experimentar as funcionalidades, os usuários precisavam aprender a usar todos os comandos e funções disponíveis na plataforma. Isto dificultou a experiência para o usuário comum que não tinha conhecimento com mundos virtuais.

Quarto motivo: defasagem tecnológica

Também tem o motivo da tecnologia desatualizada. Se hoje temos uma tecnologia tão incrível, antigamente não era assim, principalmente no Second Life. 

Os desenvolvedores não conseguiam acompanhar os avanços tecnológicos que iam surgindo, assim os usuários não conseguiam aproveitar os melhores recursos. Isso tornou o Second Life cada vez mais obsoleto, em comparação a outros jogos e plataformas.

Então, como o metaverso se propõe em ir além das experiências, o Second Life não atingiu esse nível. 

Mas vale relembrar que ele não falhou, permanece ativo e com uma base interessante de jogadores. Apenas nessa comparação de ser uma plataforma do metaverso é que o Second Life não atingiu as características necessárias.

O que as empresas podem aprender com tudo isso

É fácil olhar para trás no Second Life e ver as razões pelas quais ele não teve sucesso como um metaverso, mas o que podemos aprender com seu fracasso? 

A primeira lição é que o envolvimento dos usuários é essencial para o sucesso. O Second Life não era simples, demorava aprender todos os comandos, tornando difícil para os usuários se envolverem totalmente com a plataforma. Atualmente, é mais fácil aprender, mesmo nas novas tendências, como plataformas baseada em blockchain.

Outra lição importante é a importância da escalabilidade e da segurança. À medida que mais usuários entram numa plataforma, ela precisa garantir a segurança, não ter falhas ou não se tornar lenta devido ao aumento da demanda. 

Não citamos anteriormente, mas o Second Life teve alguns problemas de segurança e infraestrutura. Ocasionalmente, locais da plataforma ficavam inacessíveis pela grande demanda e, em 2006, o banco de dados da plataforma foi comprometido, vazando senhas e demais informações.

Mas certamente a lição mais importante de todas é a necessidade de inovação a fim de estar à frente da concorrência. 

Marketing da Coca-Cola no Second Life

Citamos que o diretor de marketing da Coca-Cola viu poucos jogadores na plataforma, mas sabe qual o resultado final? De fato, a Coca-Cola investiu milhões em publicidade no Second Life. Michael Donnelly completou dizendo: meu trabalho era investir em coisas que nunca foram feitas antes. Então, o Second Life foi uma decisão óbvia.

De fato, muitas empresas aprendem essa lição tarde demais. Então, permaneça aprendendo sobre o metaverso lendo esse artigo sobre como a pandemia ajudou no surgimento do metaverso.

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